"Em círculo, somos todos iguais. Quando estamos em círculo, ninguém está à sua frente, nem atrás, nem acima e nem abaixo.
Um Círculo Sagrado é feito para criar Unidade. O Elo da Vida também é um círculo. Nesse elo há espaço para cada espécie, cada raça, cada árvore e cada planta."
Dave Chief, Oglala Lakota

domingo, 28 de dezembro de 2014

E ENTÃO O NATAL PASSOU


E então o Natal passou.
A azafama das compras;
O bacalhau;
O peru;
O Bolo Rei;
Os sonhos, as rabanadas, as azevias;
Os doces;
O cintilar das luzes da árvore de Natal;
As prendas envoltas em papeis garridos, enfeitadas com fitas ou laços multicolores;
O Deus menino que dorme, nas palhinhas deitado, sob o olhar amoroso de seus Pais;
A mesa vestida de dia de festa. Toalhas vermelhas ou douradas. Centros de mesa iluminados por velas escarlate que refletem seus brilhos no serviço de porcelana e nos elegantes copos de vidro ou cristal;
Esta é, sem dúvida, a Festa da Família.
Dizem as más-línguas que o Natal não passa de mais uma época de excessos, com os gastos nas prendas e grandes comezainas.
Para mim, Natal, ainda que com baixas temperaturas, é calor, é reunião familiar, é a vontade de dar, que nos cresce no coração, é recordar os que já não podem estar presentes, é reflexão sobre o amor, é balanço de vida, é proximidade.
Se o Natal fosse apenas uma premência consumista, ninguém se daria ao trabalho de fazer dezenas, centenas ou, mesmo,  milhares de quilómetros, para o reencontro familiar. Ninguém sentiria, de forma mais intensa, a ausência dos que já partiram. 
Na verdade, o Natal é "anterior à sua própria existência", pois, como aconteceu com tantas outras celebrações religiosas atuais, também a escolha do 25 de Dezembro, para a comemoração do nascimento de Cristo,  se ficou a dever à existência de uma outra antiga festividade pagã. Bem melhor que eu própria, as palavras de um Doutorado em História, meu conhecido, poderão explicar os motivos que levaram a esta escolha.



"Originalmente destinada a celebrar o (re)nascimento anual do Sol, no solstício de Inverno no hemisfério norte (natalis invicti Solis - o nascimento do Sol invencível / invicto), marca o momento em que o Sol reinicia a sua ascensão triunfante, com dias cada vez maiores. O Sol, tão importante para as culturas agrárias que dão o impulso inicial da civilização, retoma a sua ascensão, ficando cada dia mais alto no céu, iluminando e aquecendo a terra por mais tempo. 
Herdamos pois esta celebração de cerimónias muito antigas, como a da religião síria de culto ao Sol Invencível, de Mitra (Amigo), o deus do Sol da mitologia persa, mas também da mitologia hindu. A generalidade dos povos antigos consagrava esta época ao culto do Sol, ou de forças solares divinas. 

A celebração deste fenómeno atmosférico como sendo a do nascimento de Jesus da Nazaré foi estabelecida pela Igreja Cristã Católica, já que os textos ditos sagrados nada dizem quanto à data do nascimento de Jesus. Os primeiros indícios da comemoração de uma festa cristã litúrgica do nascimento de Jesus em 25 de Dezembro são do Chronographus Anni CCCLIV(do ano 354).

No ano 350, o Papa Júlio I terá proclamado o dia 25 de Dezembro como data oficial, e o Imperador Justiniano veio a confirmá-lo em 529, declarando o dia como feriado. O Natalis Solis Invictus ou Dies Natalis Solis Invicti é assim substituído pelo Natal Católico. As festividades das Saturnais (dedicadas ao deus Saturno), com o avanço do cristianismo no Império Romano e com Constantino (313-337 d.C.), são substituídas pelas celebrações do nascimento do Menino-Deus. A religião cristã torna-se oficial no Império e substitui o Deus-Sol pelo filho do Deus-Pai, Jesus mais tarde Cristo. A comemoração em 25 de Dezembro foi exportada para o oriente mais tarde: em Antióquia por João Crisóstomo, no final do século IV, provavelmente em 388, e em Alexandria no século seguinte. 

Como aconteceu com muitas e muitas outras datas e com muitos outros cultos, é uma tentativa bem conseguida de trazer para a nova religião, mais e mais gentes ditas pagãs, não lhes retirando as celebrações antigas, mas revestindo-as com novas designações. 
Que outras não houvesse, teríamos - evocando estas - razões bastantes para celebrar o Natal, como força de renovação, como possibilidade do recomeço que permite ajustar os erros do passado em direcção a um futuro mais pleno." 



Dentro de poucos dias, entraremos num Novo Ano, 2015. Os nossos corações aguardam-no com expetativa e com a esperança de que nos traga alegrias, sucesso, concretização de projetos e um novo Natal, cheio de cor, calor, luz e amor...

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