Na minha demanda pelo divino tenho trilhado vários caminhos. A espiritualidade, o mistério, o misticismo e o divino sempre me atraíram de forma particular.
Procurei Deus ou o Divino em diferentes lugares, grupos e práticas. De uma forma ou de outra, por muito que essas jornadas me tenham ensinado, acabei sempre por me desiludir ou sentir insatisfeita.
Os seres humanos são imperfeitos, é certo, mas, acima de tudo, são excessivamente limitados, ou impõem a si mesmos determinados limites. A sua fé é frágil e a sua entrega é tímida e insegura.
Nessa busca pelo divino, fiz parte de diferentes grupos, alguns deles ligados à Igreja Católica, outros associados a outras correntes espirituais ou religiosas. Ainda que em todos eles tenha reconhecido virtudes, bons propósitos, conhecimento e dedicação, encontrei, também, um denominador comum que, para além de me causar perplexidade, me fez afastar ou desinteressar.
Esse denominador comum prende-se, acima de tudo, com a forma como as inseguranças, medos e fragilidades dos membros do grupo são utilizadas pelos Mestres, Guias ou Gurus, para a sua autopromoção, reconhecimento e engrandecimento e, também, para manipularem o próprio grupo.
Não pretendo com isto dizer que estes Mestres, Guias ou Gurus são mal intencionados, mas, antes, que são apenas pessoas, tão dicotómicas e imperfeitas como qualquer um de nós, que precisam de se sentir amadas, importantes, integradas, reconhecidas e compreendidas, ainda que, alguns deles possam encontrar-se num patamar espiritual mais elevado do que a maioria dos elementos dos grupos que lideram.
Embora todos os seres humanos sejam semelhantes em diversos aspetos, cada um de nós é único, pelo conjunto de características, peculiaridades e histórias de vida que nos define.
Se isto é verdade ao nível da personalidade, comportamentos e atitudes, também o é ao nível da espiritualidade. Assim, o patamar espiritual em que eu me encontro pode ser completamente diferente do patamar em que se encontra o meu vizinho, amigo, marido, os elementos de um grupo a que pertenço, ou o meu Guia espiritual. No entanto, todos nós, seja qual for o patamar em que nos encontramos, continuamos a ser, com maior ou menor intensidade, dominados pela nossa humanidade.
Quando digo que a nossa fé é frágil e a nossa entrega tímida e limitada não pretendo fazer a apologia do fundamentalismo ou do fanatismo, conceitos que, aliás, abomino, mas tão somente de não termos, a maior parte das vezes, a capacidade de acreditar totalmente (fé), ou de nos entregarmos sem reservas, de coração aberto, certos de que o Divino nos amparará sempre que fizermos a escolha do amor, da verdade, da generosidade, da gratidão e da tolerância, ou, mesmo que não a façamos, de que Ele nos dará outra, e outra, e outra oportunidade.
Uma das coisas mais importantes que aprendi na minha jornada foi que nunca poderei, verdadeiramente, compreender e conhecer nada se não me conhecer a mim própria. E, também, que o conhecimento, não é feito, apenas, de estudo profundo, investigação, ou introspeção constante. De facto, o conhecimento e / ou a sabedoria atingem-se bem mais fácil e rapidamente através do silêncio. Não só o silêncio das palavras ditas ou escritas, mas, principalmente, o silêncio da mente. Quando finalmente conseguimos silenciar a mente, a sabedoria vem até nós como se transportada por uma brisa suave que nos sussurra, por uma energia forte mas gentil que nos envolve.
No entanto, o trabalho, a investigação, o estudo e a introspeção não podem ser negligenciados, pois eles são as verdadeiras alavancas que nos permitem encontrar o caminho, a coragem e conhecimento para que possamos "aprender" a silenciar a mente.
Num dos grupos de que fiz parte "aprendi" um dom, método ou forma de silenciar a mente. O Grupo era do Renovamento Carismático, o "método" é o "Orar em línguas".
"Falar em línguas ou Dom de línguas é um fenómeno religioso cristão, que deriva da narrativa contida no livro de Atos dos Apóstolos, do Novo Testamento, onde, sob inspiração do Espírito Santo, os primeiros seguidores de Jesus teriam falado em Jerusalém e os estrangeiros ali presentes entenderam as preleções, cada qual em seu idioma.".
Hoje, alguns têm um entendimento um pouco diferente do que é o Dom das Línguas ou Orar em Línguas. Basicamente, orar em línguas é o permitirmos que o Espírito Santo nos guie e nos "dê" uma ou mais palavras, aparentemente sem significado em qualquer língua conhecida, as quais, à semelhança de qualquer Mantra, repetimos de uma forma quase inconsciente e involuntária, conseguindo assim silenciar a mente e aproximarmos-nos de Deus ou da Divindade.
A minha palavra, aquela que me foi dada e que me ajuda a encontrar paz, silêncio, sabedoria, fé, esperança, amor ou crescimento é ACHEMANE.
Sabe, Teresa... eu sou guru de mim mesma. Aprendi a ler e selecionar aquilo que vai ao encontro do que sinto por dentro, do que instintivamente, eu já sabia... acho que a verdade de cada um está do lado de dentro, e não fora.
ResponderEliminarAprendo muito também através das pessoas que me cercam (ou até mesmo das que escolhi que quero bem longe).
Quando penso em Deus, a palavra que me vem é silêncio.
Abraços!